15.3.12

Reencontro

Sempre fui relutante ao romantismo. O amor e eu sempretravamos uma batalha interna entre quereres, vontades e ceticismo – um passodado e dois voltados. Mas, naquelas circunstâncias foi inevitável o coração nãobater um pouco mais acelerado, afinal, te ver me pegou de surpresa. Naturalmente,percebi que minha respiração estava presa. Ele me olhava com cara de sol nomeio da noite quente, sorriso entreaberto e olhos semicerrados. Me olhava comcara de não-adianta-você-fugir. Era impossível não desejar mergulhar no mar daquelesolhos que, nesta noite, brilhavam convidativos. Estávamos sentados ali mesmo,lado a lado, coração na boca, palavras nos olhos. Sutilmente, você sorriu - seusorriso no canto da boca sempre foi o meu preferido, você sabia disso. Mechamava pra sair e eu, sem relutância ou pudor, desenhava um sim no olhar. Vocênão mudou nada. Continuava galante como sempre. Conhecia todos os meus pontosfracos, sabia exatamente o que fazer. Levantou-se, pôs as mãos nos bolsos e eu repareina sua camisa risca-de-giz meio desabotoada, a noite estava mesmo quente. Um deseus cadarços estava desamarrado, seu jeans escuro-desbotado. Mesmo depois detanto tempo você ainda mantinha aqueles traços e aquelas manias que eu detestava.Era singular o seu gesto de passar os dedos entre os cabelos quando estavanervoso – fazia isso agora, enquanto continuava a me olhar sem nada dizer. Seudespojo sempre me encantou – por mais que eu não admitisse. Estendeu-me a mão eme ergueu abruptamente. Cara a cara, olhos nos olhos – seus olhos estavam maisverdes à fraca luz do poste. Cheguei mais perto e senti a sua respiração. Ofegante.Sua boca dançava pra mim, sua barba por fazer me roçava o rosto, a essa altura eujá não conseguia mais pensar. Seus braços, que continuavam fortes, apertaram-meum pouco mais, suas mãos – quentes – pousaram um pouco mais abaixo da minhacintura. Embriaguei-me com o seu perfume e o tempo parou.
Já não sei ao certo de que forma cheguei àquele quarto, nãosei qual caminho percorremos, perdi a conta de quantas taças de vinho nósbebemos, não sei quantas máscaras joguei fora ao longo da noite, não sei quantaseu fui para ser eu mesma – eu pensava na varanda às cinco horas e dez minutosdaquela manhã de domingo em meio às garrafas e roupas desalinhadas pelo chão,enquanto aquele corpo, outrora extasiado de pecados, dormia feito um anjo docee sereno. Eu já não lembro mais como te encontrei. Tampouco, sei em que tempote perdi. Mas, eu sei que ainda cabemos em um reencontro. Ainda caibo em teu abraço. A minha paz amanheceu junto contigo e há de adormecer para sempre emteus braços. - Simone Oliveira

6 comentários:

Nagylla disse...

perfeito!!!
As ultimas frases então: Ainda caibo em teu abraço. A minha paz amanheceu junto contigo e há de adormecer para sempre em teus braços!!!
Linda história... Ameii!

Pétala✿ disse...

Delicioso e intenso reencontro.

Beijão

Chelle disse...

Amei...ah pra falar a verdade
amo tudo que vc escreve !!!
Beijos Linda e um ótimo Fds

Gabriele Santos disse...

Obrigada por escrever este texto e obrigada universo para conspirar para que eu lesse RsRsRs.
Acho que perfeito o define e não sei mais que palavras usar para te parabenizar.
ADOREI mesmo *-*

Ana Flávia Sousa disse...

Isso é amor perfeito: "A minha paz amanheceu junto contigo e há de adormecer para sempre em teus braços. "
O amor reencontrado tende a ser mais forte e intenso, como nessas tuas linhas.


Lindíssimo texto Simone. Lindo, lindo, lindo.

Gislene Simi disse...

Que lindo,vivenciei cada momento....o encanto,a magia me facinaram,o amor perfeito ...é assim que todos imaginamos!Lindo .Adorei!